Papa volta à Itália

Os angolanos aproveitaram o feriado decretado hoje pelo presidente José Eduardo dos Santos por conta da visita de Bento XVI para acompanhar a saída do papa de Luanda.

Várias pessoas foram ao Aeroporto 4 de Fevereiro conferir a despedida do santo padre, que convocou os dirigentes africanos à luta pela igualdade, ao combate à corrupção e à manutenção da paz entre as nações.

A morte de duas jovens, no sábado, no Estádio dos Coqueiros, não atrapalhou a repercussão positiva da visita entre a população de Luanda. Bento XVI desembarcou na Itália no final da tarde de hoje (hora de Brasília).

Esplanada cheia

 

Fiéis na Cimangola

Milhares de pessoas participaram hoje da missa presidida pelo papa Bento XVI na Esplanada da Cimangola, em Luanda, celebrada por 71 bispos de Angola, África do Sul, Zimbábue, Lesoto, Moçambique, Congo, Namíbia e São Tomé e Príncipe. Desta vez, a confusão não foi tão grande e nenhuma tragédia foi registrada no local. 

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, reuniu-se no hospital Josina Machel, em Luanda, com os familiares das duas jovens que morreram sábado, no empurra-empura no Estádio dos Coqueiros. Ele deixou, em nome de Bento XVI, uma mensagem de amor e paz, informou a agência de notícias Angop. 

A Comissão Angolana Preparatória da visita do papa expressou seu mais “profundo pesar” às famílias das vítimas.

Empurra-empurra papal

Bento XVI celebra missa na Igreja de São Paulo

Até agora, nada de novas polêmicas. E o clima tem sido de festa entre os angolanos neste segundo dia de visita de Bento XVI. 

Depois da chegada, ontem, no aeroporto, com o povo espremido para disputar espaço na concorrida passagem de Ratzinger por Luanda, recebeu as boas vindas do presidente José Eduardo dos Santos e discursou pedindo justiça social e o fim da corrupção. Exortou angolanos, praticantes do animismo, a abandonarem a feitiçaria. E foi só.

Na agenda de cerimônias religiosas, houve missa na Igreja de São Paulo, onde foi ovacionado pelos fiéis. À tarde, foi a vez do encontro com os jovens no Estádio dos Coqueiros, com direito a empurra-empurra e muita gente passando mal.  

Mas o ponto alto da visita é a missa que o Santo Padre celebra hoje na Cimangola, onde são esperados 500 mil fiéis.

E agora, kota Bento XVI?

A guerra acabou, o marxismo mescla-se com boas doses de capitalismo e a crença evangélica avança no país, com a Igreja Universal do Reino de Deus a multiplicar seus domínios em solo angolano. A Angola que Joseph Ratzinger encontra hoje está em plena reconstrução.

Mas a Aids (Sida) e a poligamia, esta ultima discutida na revisão constitucional em andamento no país, podem esquentar o debate com o chefe da Igreja Católica que condenou o uso do preservativo no inicio da visita a Camarões.

Que dirá aos angolanos até segunda-feira o Papa Bento VI, metido em polêmicas desde que assumiu a Santa Sé depois da morte de João Paulo II?

Alvoroço em Luanda I

Essa ida de Razinger a Luanda está gerando um alvoroço só. A julgar pelo noticiado na mídia estatal, os católicos estão em polvorosa. Vejam a manchete de hoje do Jornal de Angola:

África católica

500 mil fiéis são esperados na missa no Largo da Cimangola. O governo provincial de Cabinda  fretou dois voos para apoiar os fiéis da província que se deslocarão, na próxima terça-feira, a Luanda, para acompanhar a visita de três dias do Papa Bento XVI, informa a agência de notícias angolana Angop. No século 20, segundo a Reuters, o número de católicos na África cresceu de cerca de 2 milhões, em 1990, para cerca de 140 milhões em 2000. O último papa a visitar Angola foi João Paulo II, em junho de 1992.

Bento VI visita Angola

Bento XVI parece disposto a afastar de si a imagem de eurocentrista. Este mês, fará sua primeira visita à África. No roteiro, Angola e Camarões. Busca ampliar o rebanho que, nos últimos anos, cresceu no território africano. Chega dia 20 a Luanda. Na agenda do Santo Padre, há encontro com o presidente José Eduardo dos Santos, diplomatas e demais autoridades angolanas.